Nisso tudo, quem mais perde é o cidadão, já cansado das mazelas políticas no país, sem saber o que tem procedência ou não, sem informação qualificada para poder discernir entre o mau e o bom político. E aí, recorre-se aos chavões, que em alguns casos até têm algum fundamento. O fato é que muita gente mal intencionada se prevalece da desinformação, da falta de interesse do eleitor e da saturação de escândalos para jogar todos na mesma vala e confundir o público.... E quem ganha com isso? Quem não tem nada a perder, pois não está preocupado com a opinião pública, já que seus ganhos estão em outras fontes, depois de vencidas as eleições com as armas do “vale tudo”.
A exemplo do que já aconteceu outras vezes, estamos assistindo a tentativa de assassinato político de uma das figuras mais emblemáticas da vida pública em São Paulo: o Dr. Eduardo Jorge Martins Alves Sobrinho – doutor sim, pois é médico sanitarista – que está sendo acusado de receber suborno para beneficiar o Shopping Pátio Higienópolis. Digo ”tentativa”, pois estou segura de que a verdade prevalecerá e Eduardo Jorge terá sua reputação reestabelecida; embora, infelizmente, depois de muito sofrimento.
Não terá sido a primeira vez que procuram atingi-lo. No ano
passado, aproveitando-se de dificuldades operacionais com a empresa responsável
pelo programa de inspeção e manutenção veicular, fizeram alarde em relação ao
contrato, imputando-lhe conduta duvidosa, quando na verdade tratava-se de
questões processuais burocráticas iniciadas em gestão anterior e que a ele se
relacionavam em função do cargo. Nada disso, porém, baseia-se em mais do que
interpretação tendenciosa dos meandros processuais na administração pública, completamente
incompreensíveis para o comum dos mortais, ou em acusações ocas, obtidas em
depoimentos de pessoas cuja credibilidade pouco se conhece, para dizer o mínimo.
Nesse caso do shopping Pátio Higienópolis, com base no que
tem sido noticiado, o que o leitor desavisado pode depreender? Vejamos. Uma
pessoa, aqui chamada de “Testemunha D” como quis o Ministério Público, é ouvida
em depoimento pelo promotor, sobre suposto esquema de suborno promovido no âmbito
da Prefeitura de São Paulo, pelo diretor do departamento de aprovação. Até aí,
dá para acompanhar.
A seguir, a matéria continua relatando que, no depoimento, a
“Testemunha D” diz (diz?!?!?) ter participado em 2009 de reuniões (onde?) em
que “ouviu o nome” do Secretário Eduardo Jorge mencionado (por quem, mesmo?)
como sendo a pessoa que receberia parte da propina. A referida “Testemunha D”
não declara ter estado com o Secretário ou alguém autorizado por ele, mas “diz”
que um terceiro – que por sinal também nega essa afirmação - seria encarregado na
sua firma (por quem, novamente?) a entregar o dinheiro pessoalmente ao Dr.
Eduardo. Segundo a dita cuja, ela teria sido demitida da empresa por questionar
seus superiores sobre esse esquema de corrupção. Tudo isso tem sido desmentido por outros envolvidos. A empresa, por sua vez, declara que
a ex-funcionária foi demitida em abril de 2011 por malversação dos recursos da
empresa, a qual está processando na Justiça do Trabalho... e por aí vai, mas
para nós, isso não interessa de fato.
Enfim, quanto à credibilidade das afirmações – não da pessoa -, precisa
dizer mais alguma coisa? E isso é matéria pra jornalismo sério? Onde está a
responsabilidade do jornal?
Quem sabe como foi o processo de Watergate que levou ao
“impeachment” de Nixon nos EUA, sente saudades do jornalismo investigativo de
qualidade...